Ferrovia parcial é positivo. Mas a vale deve mais ao Pará
O Presidente Interino da Vale Eduardo Bartolomeo, anunciou hoje – 14.05, no evento “Bank of America Merrill Lynch Global Metals, Mining & Steel Conference”, que em razão dos infortúnios que a VALE teve em Mariana e Brumadinho/MG, está planejando elevar a produção do Projeto S11 D em Canaã dos Carajás de 75 milhões de toneladas este ano, para 150 milhões de toneladas no próximo ano.
Simplesmente dobrar a produção em 12 meses.
O Presidente Eduardo Bartolomeo ainda não anunciou a verticalização de parte desse minério no Pará.
Espero que ele anuncie a tão esperada Siderúrgica de Marabá, num formato diferente, não mais para exportação do aço como no passado, mas um pouco menor e para atender o mercado interno das regiões norte, Nordeste e centro oeste, como foi largamente estudado pela Vale e pela Sedeme, nos últimos dois anos e aprovado por reunião de diretoria da empresa em 15 de dezembro de 2017. E que a Vale ficou de anunciar após as eleições.
Bom, a outra notícia que o Presidente da Vale comunicou na conferência de hoje 14.05 e que deverá anunciar com “pompa” no nosso Estado nos próximos dias é que a Vale construirá a perna da ferrovia Norte Sul, de Açailândia a Barcarena numa extensão de 400 kms. no valor aproximado de 4 bilhões de reais.
É realmente uma conquista importante para o nosso Estado.
E não tenho dúvidas que parte do êxito, é fruto da pressão que a Vale sofreu nos últimos anos, da sociedade civil, no processo de renovação da sua concessão.
Mas ainda é pouco.
O Pará merece mais. A Vale não pode simplesmente “querer acalmar” o Estado quando nos deve e ainda quer dobrar sua produção em somente um ano.
Repito, a Vale está em processo de renovação da concessão da ferrovia de Carajás. Todos os estudiosos do setor ferroviário unanimemente dizem que essa concessão está estimada em 10 bilhões de reais. A ANTT subestimou esse preço em 4 bi.
Caso haja alguma dúvida, que não se renove a concessão, basta licitar que chineses e russos bancam os 10 bilhões.
Prefiro que a Vale fique com a ferrovia e não os estrangeiros.
Mas que a Vale pague o que o Pará merece.
Precisa anunciar a construção da siderúrgica que foi aprovada em 15.12.17, como também realizar uma obra um pouco maior que os 4 bilhões, pois deve moralmente 10 bilhões pro Pará.
Ademais, quando anuncia que irá construir a perna da Ferrovia Norte Sul, o correto é que estendesse uma conexão mesmo que fosse da Ferrovia de Carajás até o Sul do Pará (projeto inicial da ferrovia paraense), pois o Sul do Estado será preterido, e continuando isolado.
Ou no mínimo que invista mais 1 bilhão de reais para a dragagem do canal do quiriri no Porto de Barcarena para que o nosso Porto receba navios acima de 70 mil toneladas, como o Porto de Itaqui no Maranhão.
Se continuarmos a pressão na Vale nesse momento de renovação da concessão da ferrovia de Carajás e que a empresa precisa urgentemente dobrar sua produção no Pará, para compensar o fechamento de minas da empresa em MG, poderemos conseguir realmente o que o Pará merece da Vale.
(Adnan Demachki)