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Análise: seleção sub-23 cai na hora da decisão e vai ao jogo mais duro do Pré-Olímpico com incertezas

Problemas defensivos persistem e ataque também vai mal em empate com o Uruguai
André Jardine, técnico da seleção sub-23, durante empate entre Brasil e Uruguai — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Melhor ataque, com média de quase três gols por partida, 100% de aproveitamento e classificação antecipada para o quadrangular final. O Brasil sobrou na primeira fase do Pré-Olímpico. Porém, em vez de ganhar entrosamento, fazer ajustes e evoluir com o passar do tempo, a seleção sub-23 caiu justamente no momento decisivo do torneio e agora chega à última rodada repleta de incertezas.

Para piorar, a adversária será a Argentina, campeã do Pré-Olímpico e já classificada para Tóquio, que apresenta o melhor futebol da competição. Além de ter vencido os seis jogos que disputou, a seleção alviceleste tem a melhor defesa, o melhor ataque e jogará sem qualquer pressão, tendo como objetivo principal a eliminação brasileira.

Se desde o começo da competição a defesa foi um problema canarinho, agora até o ataque levanta dúvidas. No empate em 1 a 1 com o Uruguai, na última quinta-feira, o Brasil teve o seu menor volume de chances criadas no torneio, e o técnico André Jardine deixou aberta a possibilidade de mexer do meio para a frente.

O treinador também apontou a ansiedade e o desgaste emocional depois de quase 40 dias de concentração como fatores que têm atrapalhado a Seleção. É impossível mensurar o quanto isso tem influenciado nos erros de passe e nos gols perdidos, mas certamente a questão emocional não é o único problema do Brasil.

Contra uma aguerrida seleção uruguaia, que não deu espaço para os adversários respirarem e criou um bloqueio em frente a sua área, o Brasil cansou de trocar passes laterais sem conseguir ser produtivo.

Para tentar alargar o campo e desequilibrar a marcação adversária, Jardine “colou” Antony e Paulinho nas linhas laterais. Guga se projetava mais pelo centro, e a criação de novo ficou à cargo dos volantes Bruno Guimarães e Matheus Henrique.

Iago mais uma vez decepcionou. Dentre todas as mudanças de Jardine, a entrada dele é a menos compreensível. Além apoiar pouquíssimo, o jogador do Ausburg também mostra dificuldades na marcação e comete erros bobos. É verdade que o gol contra do goleiro Arrubarrena, que deu o empate ao Brasil, surgiu após cruzamento do lateral-esquerdo para Pedrinho. Mesmo assim, este lance não salva mais uma atuação ruim de Iago.

A permanência dele ou a volta de Caio Henrique é apenas uma das incógnitas do setor, que terá mudança pelo quarto jogo seguido. Suspenso, Nino dará lugar a Robson Bambu ou Ricardo Graça. Além disso, Dodô está recuperado de dores no tornozelo esquerdo e pode retomar a vaga de Guga.

Na frente, a entrada de Pepê, um dos artilheiros do Brasil no Pré-Olímpico, com três gols, é a mudança mais provável. Mas as substituições de Jardine nos últimos jogos levantam dúvidas de como o gremista pode entrar na equipe. Contra Colômbia e Uruguai, Pedrinho foi sacado, e Paulinho passou a jogar mais por dentro. A estratégia não se mostrou eficiente, apesar da insistência de Jardine.

O técnico também “teimou” em colocar Igor Gomes, que não fez por merecer as oportunidades que teve neste Pré-Olímpico. Enquanto isso, Reinier mais uma vez entrou apenas para os minutos finais.

Pepê pode oferecer aquilo que tem faltado a Paulinho e principalmente Antony: a busca pelo gol, com o drible em projeção à área, não para trás.

Como nesta sexta-feira os jogadores titulares farão apenas um trabalho regenerativo, Jardine terá somente um treino para fazer as correções e melhorias que o Brasil precisa. É improvável que surja algo diferente em tão pouco tempo. O que não quer dizer que seja impossível bater os argentinos. Com força emocional, paciência para buscar o primeiro gol e maior concentração em fundamentos como passe e finalização, o Brasil pode garantir a vaga em Tóquio. Até mesmo um empate pode garantir a vaga!

Sobram talentos individuais à esta seleção sub-23, que já mostrou saber jogar coletivamente. É hora dos garotos provarem que também conseguem jogar sob pressão. Nada melhor do que um Brasil x Argentina.

(Globo Esporte)

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