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Santa Casa mantém UCI Canguru ativa durante a pandemia

Edna e Thais são mães de “primeira viagem” e viveram momentos de apreensão durante a gestação de seus filhos, em função da preocupação com a epidemia de Covid-19 e de problemas de saúde que as levaram a ter partos prematuros.

Edna Meirelles, 30 anos, é do município de Paragominas e foi transferida às pressas para Belém, quando a pressão subiu e a bolsa estourou.

“Eu fiquei com medo, pois sou hipertensa, fazendo parte do grupo de risco da Covid-19. Então eu estava com a pressão alta e só consegui controlar quando cheguei aqui. Com dieta e remédio. Fiquei internada quase uma semana antes da minha filha nascer de parto normal e tenho muito que agradecer, pois fui bem atendida”, conta Edna, que deu à luz a Laura, quando estava na 30ª semana de gestação. A bebê, que nasceu com apenas 1,3 quilogramas precisou ir para a UTI, mas agora já foi transferida para UCI (Unidade de Cuidados Intermediários) e pode ficar junto da mãe.

Já para a professora Thaís Pimenta, de 34 anos, os desafios da maternidade vieram em dose dupla. Ela teve os gêmeos Frederico e Francisco no último dia 23 de junho, quando estava na 32ª semana. Os dois nasceram com baixo peso e foram para a UTI. Mas os temores da mãe começaram antes do parto. “Antes de vir pra Santa Casa tive muitas preocupações pois com a pandemia as minhas consultas do pré-natal ficaram mais espaçadas, além disso afetou muito o meu lado psicológico. Eu me perguntava e agora, como é que eu vou ter filho na Santa Casa se lá estão atendendo casos de Covid-19, eu fiquei muito preocupada”, conta Thais, que após ter seus filhos foi se tranquilizando, por conta da assistência que recebeu da equipe, desde o momento do parto.

“Fui bem acompanhada na cirurgia e no leito pela equipe profissional. Me senti bem atendida e apesar do meu outro bebê estar na UTI por ter nascido com o peso mais baixo, pude ficar junto com o Francisco aqui na UCI Canguru”, diz Thais. De março a junho de 2020, a UCI Canguru da Santa Casa atendeu 149 bebês, garantindo o contato pele a pele e o acompanhamento multiprofissional aos recém nascidos prematuros e de baixo peso.

“A UCI canguru durante a pandemia do Covid-19 não foi fechada e nem teve seus leitos reduzidos. As mães assintomáticas e que sabidamente não tiveram contato domiciliar com pessoas com síndrome gripal ou infecção sintomática pelo Sars-cov2, foram estimuladas, mais do que nunca, a ficarem com seus filhos e manterem o contato pele a pele e o aleitamento materno. Foram desestimuladas saídas do ambiente de internação, evitando assim circulação no hospital e fora dele. Com isso o número de recém-nascidos que tiveram o contato pele a pele, ou seja a posição canguru, nos meses de março, abril, maio e junho foram 100% dos internados neste período”, esclarece a enfermeira neonatologista Eliana Ferreira, responsável pela coleta de dados sobre altas de recém-nascidos na neonatologia da Santa Casa.

Além de ser eficaz para o ganho de peso do bebê prematuro, que é tão importante para a prevenção da mortalidade neonatal, o método é essencial para o desenvolvimento dos  recém-nascidos, em vários aspectos.

“O contato pele a pele é essencial, pois ajuda no controle térmico e na organização comportamental do bebê, ajuda a ganhar peso, colabora com o tônus muscular e padrões de movimento e ainda colabora com o vínculo mãe-bebê”, detalha a terapeuta ocupacional, Giselle Farias, que é tutora do Método Canguru.

Cuidados – A Santa Casa é uma das pioneiras na introdução do Método Canguru em toda a região Norte do país e também é o hospital credenciado desde 2013 como referência para a capacitação de outras instituições de saúde. O Método Canguru é realizado por uma equipe multidisciplinar, capacitada na metodologia de atenção humanizada no atendimento ao recém-nascido de baixo peso em três etapas, definidas pelo Ministério da Saúde.

A primeira inclui desde a identificação e orientações das gestantes com risco de parto prematuro, passando pelo estímulo ao contato pele a pele, se for necessária a permanência na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ou de Cuidados Intermediários Neonatal, o estímulo à lactação e à participação dos pais nos cuidados com o bebê, se propondo a canguru sempre que possível e é desejada.

A segunda, que é a etapa realizada na UCINCA (UCI Canguru) da Santa Casa, quando já existe a estabilidade clínica da criança, como ganho de peso regular, segurança materna, interesse e disponibilidade da mãe em permanecer com a criança o maior tempo desejado e possível. A posição canguru é realizada pelo período que ambos considerarem seguro e agradável.

E a terceira que se inicia com a alta hospitalar, e exige acompanhamento ambulatorial criterioso do bebê e de sua família.

“Durante a pandemia, conseguimos manter na Santa Casa os cuidados com o recém-nascido de baixo peso, exceto com a interrupção do contato pele a pele na sala de parto, que foi necessário, em casos de mãe suspeita de Covid-19”, explica a pediatra Vilma Hutim, coordenadora e tutora do método, sendo responsável pela capacitação de tutores em todo Estado e acompanhamento da terceira etapa do Canguru, realizada nas Unidade Básicas de Saúde (UBSs) de Belém e de outros municípios.

“Tivemos interrupção do canguru compartilhado nas UBSs, no período da Pandemia, mas estamos nos organizando para retomar o fluxo. Fizemos uma reunião online com a Coordenação Estadual de Saúde da Criança e UBSs da grande Belém e até agosto estamos trabalhando com o grupo de tutoras para essa retomada do Atendimento Compartilhado com os municípios”, finaliza a coordenadora.

(Agência Pará)

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