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Professor do Campus Paragominas desenvolve produto educacional sobre ensino de história e protagonismo de mulheres negras

O professor de História do Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Paragominas, Rayme Tiago Rodrigues, desenvolveu um Sistema Web que pode ser utilizado como recurso didático por docentes da Educação Básica. O Sistema foi desenvolvido a partir de uma pesquisa sobre a presença de mulheres negras no ensino de história do Brasil e contou com a colaboração de alunos e professores do Instituto.Com o título “De Dandata a Firmina: o ensino de História do Brasil a partir de mulheres negras”, a pesquisa foi resultado do Mestrado cursado pelo professor na Universidade Federal do Pará (UFPA).

O Sistema Web “Mulheres Negras no ensino de História” contém biografias de cinco mulheres negras e atividades que descortinam os seus respectivos contextos. O objetivo é que o produto educacional seja uma ferramenta didática para o ensino de história do Brasil (séculos XVI-XIX) a partir de mulheres negras e de seus lugares sociais, além de hospedar biografias de outras mulheres negras, de todos os lugares, para serem visibilizadas, estudadas e reconhecidas. Enquanto a construção teórica do Sistema foi feita em parceria com os alunos de Informática do segundo ano do Ensino Médio, a parte técnica ficou a cargo do aluno Iran Adrian Batista com a supervisão do professor de Informática do IFPA, Rafael Souza.

Rayme Rodrigues conta que a ideia para o trabalho surgiu das experiências como professor e da vontade de fazer das aulas de História, um lugar de acolhimento, questionamentos e desconstrução sobre a situação da população preta.“A importância dessa produção é justamente visibilizar sujeitos que são invisibilizados na história do Brasil. Dificilmente nós conhecemos uma mulher negra que foi protagonista na história do Brasil e quando a gente conhece, é estereotipado. Então as cinco personagens que tiveram suas biografias construídas participaram ativamente na história do Brasil, foram escritoras, guerreiras, mães, agricultoras. Perceber a história do Brasil a partir delas é enxergar um outro mundo, é enxergar um outro Brasil possível, e os alunos foram apresentados a esse outro mundo, a essa outra história”, afirma o professor.

A escolha do objeto de estudo foi feita após uma pesquisa exploratória em que o professor questionou a respeito do aprendizado sobre personagens negros na escola. Das 29 respostas obtidas, nove não conheciam nenhum personagem negro e, dentre os personagens citados, apenas um era mulher. Com isso, Rayme Rodrigues percebeu a inexistência de mulheres negras representadas no ensino de História e em diversos lugares da sociedade.

“Conhecer trajetórias de mulheres negras de um modo não estereotipado na Educação Básica é dar subsídio para que adolescentes negras e negros construam suas identidades e suas percepções sobre a negritude de modo positivo, a partir de imagens que não reforcem a supremacia branca, que não os façam perpetuar o auto-ódio, enxergando a si e a sociedade que os cercam pela perspectiva histórica, que revela o valor e luta da população negra”, defende Rayme Rodrigues.

“A pesquisa do professor Rayme apresenta louvável vigor e rigor teórico, além de muita criatividade e beleza, tanto pela escolha do tema quanto na definição do produto educacional. Trata-se, sem dúvida, de uma enorme contribuição ao ensino de história, particularmente para o IFPA”, destaca a professora doutora Natália Cavalcanti (PROFEPT-IFPA), membro da banca examinadora do trabalho.

O Sistema Web pode ser acessado no link http://mulheresnegrasnoensino.tk/. Em breve, a dissertação e o produto educacional serão disponibilizados na plataforma eduCAPES e no repositório de práticas educativas exitosas do CTEAD-IFPA.

(IFPA)

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