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ONU e mulheres indígenas por todo o país apoiam associação de mulheres Munduruku atacada por garimpeiros no PA

MPF e mulheres da Associação Wakoborũn seguem com campanha para reconstruir o espaço e reforçar a luta contra a mineração ilegal

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou comunicado à imprensa na última sexta-feira (9) para cobrar das autoridades brasileiras investigação rigorosa do ataque à sede da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn em Jacareacanga, no sudoeste do Pará, em 25 de março.

“Ao manifestarmos nossa solidariedade ao povo indígena Munduruku, instamos as instituições do Estado brasileiro a proteger os povos indígenas contra invasões aos seus territórios e a garantir que defensoras e defensores dos direitos humanos possam continuar fazendo seu importante trabalho”, destaca a nota.

Os escritórios da ONU Direitos Humanos para a América do Sul e da ONU Mulheres para Américas e Caribe também frisam que ataques como o ocorrido contra a sede da Associação de Mulheres Munduruku Wakoborũn são, muitas vezes, declarados antecipadamente, e, “no entanto, os esforços do Estado, em seus diferentes níveis, não têm sido suficientes e eficazes para evitá-los”.

“É preciso prevenir a invasão dos territórios, coibindo as práticas ilegais, e proteger a integridade física do povo Munduruku”, enfatiza a nota.

A manifestação, motivada por relatos de associações indígenas à ONU, faz parte de uma série de apoios que as mulheres Munduruku vêm recebendo, inclusive do Ministério Público Federal (MPF), que lançou campanha conjunta com a Associação Wakoborũn para arrecadação de recursos para a reforma do espaço e para o reforço à luta contra a mineração ilegal.

Sobre o ataque – No ataque à sede da associação, garimpeiros ilegais e representantes de uma minoria indígena aliciada pelos criminosos depredaram o prédio e destruíram documentos, móveis e equipamentos, além de produtos indígenas à venda no local.

A violência foi uma tentativa de silenciar as mulheres Munduruku, contrárias à mineração ilegal em terras indígenas. O escritório vandalizado é de uso coletivo da Associação Wakoborũn com outras organizações indígenas antigarimpo.

A Associação Wakoborũn divulgou vídeo que mostra cenas feitas logo após a depredação, depoimento do assessor jurídico da associação, Marco Apolo Santana Leão, e um panorama do estado do saguão de entrada do prédio após os primeiros trabalhos de limpeza e organização do local.

Apoio de mulheres indígenas – Além do apoio da ONU e de outras instituições de defesa dos direitos humanos, as mulheres Munduruku vêm recebendo uma série de manifestações de incentivo e encorajamento por parte de outras organizações indígenas, em especial as formadas por mulheres.

As mulheres indígenas da região do baixo rio Tapajós, no oeste do Pará, e mulheres indígenas de todo o país ligadas à Articulação dos povos Indígenas do Brasil (Apib), por exemplo, divulgaram vídeos com diversos depoimentos.

“Apoiamos a construção da trajetória que essas guerreiras vêm construindo ao longo dos anos em defesa dos seus territórios, da vida e da mãe Terra”, destaca a coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (Cita), Ely Tupinambá (íntegra do vídeo).

“Quando uma mulher indígena é atacada, todas as parentas se levantam”, frisa a coordenadora da Apib, Sônia Guajajara (íntegra do vídeo).

Sobre a campanha – As doações para a campanha do MPF e da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn para a reforma do espaço e reforço à luta das mulheres Munduruku contra a mineração ilegal são recebidas em conta bancária da associação:

  • Banco: Bradesco
  • Agência: 0759-5
  • Conta Poupança: 38295-7
  • CNPJ: 30.024387/0001-87

(MPF)

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