Diagnóstico precoce e vacinação são as principais medidas de prevenção à meningite
Inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula pode ser causada por infecções por bactérias, fungos, protozoários e helmintos
No Dia Mundial da Meningite, que transcorre neste domingo (24), a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) chama a atenção da população e dos profissionais de saúde para a importância do diagnóstico precoce, tratamento e, principalmente, da vacinação como medida preventiva contra a doença que pode matar ou deixar sequelas para o resto da vida.
A meningite é uma inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser de causas infecciosas, como bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos, e de causas não infecciosas.
Os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor e enrijecimento da nuca, e manchas pelo corpo. Em crianças menores de um ano de idade pode haver choro intenso, irritabilidade e inchaço das fontanelas (moleiras).
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por via aérea (fala, tosse e espirro) e os riscos de contágio aumentam, neste período de chuvas intensas, porque as pessoas ficam mais tempo em ambientes fechados.
Prevenção – Segundo a coordenadora do Grupo de Trabalho-Meningite, Diana Lobato, a vacinação é a principal medida de prevenção contra a doença bacteriana, com as vacinas meningocócicas conjugadas C e ACWY, além dos demais imunobiolóicos a serem adiministrados no primeiro ano de vida, tais quais: vacina BCG, Pneumocócica 10 e pentavalente. “A vacinação é, sem dúvida, a medida mais importante na prevenção da meningite”, enfatizou.
Outras formas de proteção são lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel para evitar disseminação de vírus e bactérias; evitar locais com aglomeração de pessoas; deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente, salas de aula, locais de trabalho e transporte coletivo; não compartilhar objetos de uso pessoal, alimentos, bebidas, pratos, copos e talheres.
Diana Lobato alertou, ainda, que a doença é de notificação compulsória imediata, que deve ser feita em até 24 horas para as vigilâncias municipais e estaduais, sendo responsabilidade dos serviços de saúde, públicos ou privados, e profissionais de saúde, notificarem todo caso suspeito. “É fundamental o acompanhamento semanal dos casos suspeitos de meningite, a fim de se realizar a detecção precoce de possíveis casos e ou surtos, assim como alterações do padrão epidemiológico dos casos”, explicou.
Outras orientações importantes para os serviços de saúde são: encaminhar precocemente o paciente de caso suspeito para avaliação médica e posterior exame para confirmação de diagnóstico.
Tratamento – Não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos para combater febre e dor são úteis para aliviar os sintomas.
Meningites bacterianas são tratadas com antibióticos aplicados diretamente na veia do paciente e sua administração deve começar o mais rápido possível para evitar complicações e sequelas.
Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.
Cenário – As meningites são consideradas um grave problema de saúde pública pela sua magnitude, potencial de transmissão, patogenicidade e relevância social, estando presente em várias regiões do mundo, com um registro anual de mais de um milhão de casos só de meningite bacteriana, cuja letalidade por de chegar a 70% se o indivíduo não receber o tratamento adequado.
No Brasil, a meningite é uma doença endêmica, ou seja, casos podem ser registrados o ano inteiro, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas no inverno e das virais, no verão.
No Pará, no 1º trimestre de 2022, foram notificados 197 casos suspeitos de meningite, dos quais 61 (30,96%) foram confirmados. Dos casos confirmados, 03 (4,91%) foram classificados como doença meningocócica (DM), que é a forma mais grave da doença, sendo 02 casos em Belém e 01 em Tracuateua.
A Sespa constatou uma redução de 62,5% no registro de DM em relação ao ano de 2021 com 08 casos, e de 76,92% em relação ao ano de 2020 com 13 casos confirmados de DM.
Quanto aos demais 58 (95,09%) casos, foram confirmados outros tipos de meningite: 17 (27,87%) casos de meningite por outras bactérias, 15 (24,59%) casos de meningite não especificada, 02 (3,28%) casos de meningite tuberculosa, 14 (22,95%) casos de meningite viral, 02 (3,28%) casos de meningites por outras etiologias, 01 (1,64%) caso de meningite por hemófilo influenza e 07 (11,48%) casos de meningite pneumocócica.
Ações da Sespa – Cabe à Sespa e às Secretarias Municipais de Saúde as ações de acompanhamento semanal dos casos suspeitos de meningite, a fim de realizar a detecção precoce de possíveis casos e ou surtos; capacitação dos profissionais dos Centros Regionais de Saúde (CRSs) e profissionais de saúde dos municípios elaboração e divulgação de Notas Técnicas e Informes Epidemiológicos das Meningites; e atividades de Educação e Saúde, informando sobre os sinais e sintomas da doença e medidas preventivas.
Em alusão ao Dia Mundial da Meningite, a Sespa vai realizar um webinário sobre Vigilância Epidemiológica das Meningites para os profissionais de saúde da Região do Marajó, no dia 29 de abril, às 14h30. O evento terá como palestrante Diana Lobato e é destinado aos técnicos da Atenção Primária, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais e Vigilâncias Epidemiológicas, além de técnicos do 7º e 8º CRSs.
Serviço: Para o primeiro atendimento, os usuários do SUS devem procurar as Unidades Básicas de Saúde ou UPAs, de onde, se suspeitos da doença, serão encaminhados para a Unidade de Diagnóstico de Meningite (UDM), que funciona no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), ou o próprio estabelecimento de saúde atende e trata o caso de meningite.