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Adnan Demachki – A Restauração Florestal na Amazônia

Estamos vivenciando o raiar de um novo ciclo econômico, social e ambiental na Amazônia: a restauração florestal.
Diferente do reflorestamento, que tem um propósito comercial, a restauração faz parte de uma estratégia climática que tem por objetivo a reconstrução da floresta, com plantio ou regeneração de espécies nativas para restabelecer a diversidade biológica e os serviços ecossistêmicos da natureza.
E a Amazônia é a principal candidata para esta nova atividade, pela importância que possui, pela vocação para a produção de biomassa e pela existência de terras fartas que precisam ser restauradas.
Os desafios são a regularização fundiária da “Amazônia desmatada”, investimentos em ciência e formação de pessoal para esta nova área do conhecimento.
Estudos do amazônia2030.org, apontam a existência de 15 milhões de hectares desmatados, sem qualquer uso agropecuário. Embora esta atividade tenha um viés climático, não se deve subestimar os benefícios econômicos e sociais que poderá trazer para a região.
Isto porque a restauração cria emprego e renda em várias etapas da cadeia econômica, como, coleta de sementes, viveiro de mudas, plantio, transporte, manutenção, assistência técnica, venda de produtos florestais, carbono e serviços em geral.
Estudos de pesquisadores da USP publicados pela revista People and Nature atestam que para cada 2 hectares restaurados é gerado 1 emprego. Se forem restaurados 10 milhões dos 15 milhões de hectares abandonados, seriam gerados 5 milhões de empregos, suprindo grande parte da necessidade de postos de trabalho na Amazônia.
E isso sem fazer concorrência ou trazer impacto adverso para a economia tradicional (pecuária, agricultura e mineração), já que o espaço ocupado seria de áreas abandonadas ou com baixa produtividade, que nada agregam na economia.
Ao contrário, o efeito provavelmente será positivo para as atividades convencionais que terão suas terras valorizadas, além dos benefícios climáticos e a natural abertura de mercados e investimentos que a restauração pode trazer, considerando que os arranjos produtivos envolvem grandes empresas e forte aporte de capital.
A restauração também pode ser implantada através dos SAFs, conciliando o plantio de árvores com cacau, açaí e outras culturas, fortalecendo a produção de alimentos na região.
Restaurar florestas é bom para o meio ambiente e para a humanidade, mas também pode ser muito bom para nós, Amazônidas.
Em paralelo, se o Brasil conseguir frear o desmatamento, a Amazônia deixa de ser problema ou preocupação e vira solução climática global, podendo inaugurar um ciclo de desenvolvimento verde jamais experimentado nos trópicos.
Devemos estar atentos a esse novo ciclo, pois uma sociedade que compreende os benefícios da restauração é uma sociedade que investe no futuro do planeta, mas também investe no seu próprio futuro gerando os milhões de empregos indispensáveis para que possamos viver na Amazônia com a dignidade que merecemos.

Adnan Demachki é advogado, ex-Prefeito da cidade em que – sob sua gestão – deu origem ao projeto Município Verde; Paragominas, no estado do Pará.

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