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Número de eleitores analfabetos diminuiu 23% no Pará

“Um eleitor mais escolarizado é um eleitor mais exigente”, afirma especialista

O número de eleitores analfabetos no Pará que estão aptos a votar nas eleições municipais de 2024 apresentou uma redução significativa de 23,9% entre homens e mulheres, em comparação ao pleito eleitoral de 2020, é o que apontam dados divulgados pelo “Eleitorado Mensal” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Atualmente o Pará tem 6.228.132 pessoas habilitadas para participar das escolhas dos representantes do legislativo e executivo municipal no próximo mês de outubro, um índice de 8,1% a mais do que há quatro anos, quando o número de eleitores era de 5.758.119.

O número de eleitores analfabetos no Pará que estão aptos a votar nas eleições municipais de 2024 apresentou uma redução significativa de 23,9% entre homens e mulheres, em comparação ao pleito eleitoral de 2020, é o que apontam dados divulgados pelo “Eleitorado Mensal” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Atualmente o Pará tem 6.228.132 pessoas habilitadas para participar das escolhas dos representantes do legislativo e executivo municipal no próximo mês de outubro, um índice de 8,1% a mais do que há quatro anos, quando o número de eleitores era de 5.758.119.

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Segundo a estatística do TSE, homens e mulheres analfabetos votantes no estado totalizavam 349.349 pessoas nas eleições municipais de 2020, já este ano eles representam 265.692, valor que aponta a diminuição de 23,9%. Os eleitores do sexo masculino sem alfabetização são maioria, com mais de 145 mil pessoas. O público está em mais de 120 mil. Já entre eleitores paraenses com ensino superior completo o número teve um aumento de 6,3%, saindo de 429.373 em 2020, para 456.605 em 2024.

Edir Veiga, cientista político e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que uma das razões para essa redução pode estar relacionada ao fomento de políticas públicas voltadas à promoção da educação, tanto por parte do Estado quanto do terceiro setor e empresas com responsabilidade cidadã. “Isso não aconteceu por acaso e de forma espontânea, ela está relacionada a esforços de governo, de organizações não-governamentais e esforços utilizando de tecnologias como o Ensino à Distância (EaD), que podem ser os responsáveis por esse impacto positivo”, cita.

O professor ressalta que o Pará é um estado de dimensões continentais e com um perfil diversificado entre as populações que moram no interior, como ribeirinhos, quilombolas, população da zona rural e afins, que em muitos casos estão inseridas no mercado de trabalho informal. “Isso é uma notícia muito boa para a nossa sociedade e para o nosso estado. Conseguir chegar a uma população, onde muitos dos quais já estão em idade acima dos 40 anos e que realizam trabalho informal, é uma façanha muito importante”, diz Veiga.

Segundo o especialista, além de reduzir o número de analfabetos, é importante garantir que a população tenha acesso às políticas que auxiliem a avançar também na análise e interpretação textual, pois, isso abre a perspectiva para que ele – o eleitor – tenha mais ferramentas para analisar os mandatos políticos e os chefes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Entre os quatro maiores colégios eleitorais do Pará – Belém, Ananindeua, Parauapebas e Santarém – Ananindeua e Parauapebas foram as únicas que registraram aumento na quantidade de eleitores não alfabetizados.

De forma geral, a maioria dos eleitores paraenses, cerca de 1,6 milhão, ainda é formada por pessoas com Ensino Fundamental Incompleto, o que acaba impactando, para além da tomada de decisão na hora de votar, no acesso a oportunidades de empregos melhores e na remuneração mensal.

“O eleitor mais escolarizado e que tem uma fonte de renda permanente é um eleitor mais exigente e isso é muito bom para a democracia. Um eleitorado alfabetizado vai entender melhor as relações políticas sociais, aquilo que o candidato fala, o que está escrito no seu programa de governo e como esse político responde a quatro anos de governo, seja no exercício de uma prefeitura ou em um mandato parlamentar”, afirma Edir Veiga.

Mulheres são maioria entre eleitores paraenses

Outra mudança apontada pelo Tribunal Superior Eleitoral é o crescimento do número de eleitoras femininas. Segundo o levantamento, mais de três milhões de mulheres paraenses estão aptas a votar nas eleições municipais de 2024. Ao total são 3.141.063 eleitoras (50,43% do público votante), o que aponta um crescimento de 8% em comparação às eleições de 2020, quando o número de eleitoras estava em 2.905.989. Já entre o público de homens votantes (49,57%), o total é de 3.087.062, indicando um aumento de 2,36% em relação ao pleito municipal anterior, no qual o público masculino era de 2.851.825.

Para Karen Santos, socióloga e mestra em Ciência Política, a crescente no número de mulheres aptas perante à Justiça Eleitoral aponta para a necessidade de ampliar as representações femininas nos espaços de poder, com destaque para o Poder Legislativo – responsável pelo debate e criação das leis que regem o país.

“Esse aumento só reflete que em termos proporcionais a representação está aquém do que deveria, em relação inclusive a esse alistamento eleitoral. Os números apontam para a disparidade e revelam que as políticas de alistamento eleitoral, principalmente dentro dos partidos, é insuficiente com as vagas de 30% para candidaturas femininas”, destaca Karen.

A especialista comenta que em uma literatura antiga da Ciência Política era citado que a baixa participação feminina nos processos eleitorais acontecia devido à falta de interesse das mulheres sobre o assunto. No entanto, a cientista explica que na prática não é isso que acontece.

“O que a gente tem é uma falta de estímulo da participação dessa atriz importante para o processo eleitoral, porque tem uma série de construções morais que impedem a participação de forma efetiva. Até porque essa participação poderia quebrar uma lógica histórica no mundo, que é a hierarquia de gênero”, complementa.

Faixa etária

De acordo com os dados apurados no site do TSE, a maioria dos eleitores paraenses – que totaliza 22,61% com a marca de 1.407.353 de pessoas – está em transição de jovem para adultos, em idade de 25 a 34 anos, seguido pelas faixas etárias de 45 a 59 anos (22,57%) e de 35 a 44 (21,19%). Ou seja, quase ¼ das pessoas que irão às urnas em 2024, nasceu a partir da década de 90, no Brasil pós-ditadura.

Quanto ao perfil desses eleitores, Edir Veiga aborda que são pessoas mais abertas ao debate, sem vínculo partidário e ideológico, mas que são ligados à política e à experiência de avaliar um gestor.

“É um eleitorado que não nasceu no período em que estouraram os grandes partidos de massa, que se estruturam os partidos ideológicos ou de esquerda e direita. Ele surge em uma sociedade de massa, que não orienta o seu comportamento eleitoral por partidos políticos e ideologia, mas pelo voto personalizado em grandes figuras públicas”, explica o professor da UFPA.

Assim, de acordo com Edir, o perfil de eleitores que hoje forma a maioria no estado pode resultar no surgimento dos chamados “políticos outsiders” – personagens que não têm tradição na vida política de uma cidade – e que podem se destacar mais do que políticos tradicionais.

“São eleitores que vão se decidir, ali na convenção eleitoral, pelo projeto e propostas dos candidatos, mas também pelo desempenho que os atuais governantes tiveram nos últimos quatro anos. O paradigma deles é muito volátil, que avalia o gestor que está terminando o mandato e também pessoas que têm uma tradição de prestação de serviço público. É um eleitor que não é solidificado em uma linha partidária: ele pode direcionar seu voto em direção à esquerda, ao centro ou à direita, e pode conduzir a eleição no primeiro turno para grandes surpresas”, acrescenta Edir.

Votos facultativos

A partir de 70 anos, o voto deixa de ser obrigatório e fica a critério do eleitor. No entanto, apesar de ser opcional, é comum que mesmo uma idade avançada os eleitores ainda mantenham o dever cívico de comparecer às urnas para participar do processo eleitoral.

Na faixa etária que vai de 70 a 79 anos, os eleitores facultativos representam 4,87%, com 303.585 eleitores aptos para exercer o voto. As pessoas com mais de 79 anos em dia com a justiça eleitoral totalizam 122.160, o que representa 1,96% da população.

Confira o perfil do eleitorado paraense de acordo com o TSE:

Gênero
Homens – 3.087.062 (49,57%)
Mulheres – 3.141.063 (50,43%)

Faixa etária
16 anos – 58.639
17 anos – 87.318
18 a 20 anos – 375.613
21 a 24 anos – 576.644
25 a 34 anos – 1.407.353
35 a 44 anos – 1.318.457
45 a 59 – 1.401.970
60 a 69 – 574.587
70 a 79 anos – 303.585
Superior a 79 anos – 122.160

Raça
Amarela – 5.474
Indígena – 11.211
Preta – 101.531
Branca – 131.543
Parda – 796.271
Não informado – 5.182.102

Grau de instrução
Ensino Fundamental Incompleto: 1.625.433
Ensino Fundamental Completo: 354.334
Ensino Médio Completo: 1.602.461
Ensino Médio Incompleto: 1.136.512
Superior Completo: 456.605
Superior Incompleto: 255.649
Lê e escreve: 531.429
Analfabeto: 265.692
Não informado: 17

Estado civil
Solteiro – 4.544.292
Casado – 1.388.293
Viúvo – 121.871
Divorciado – 143.426
Separado judicialmente – 30.224
Não informado – 26

5 maiores colégios eleitorais:

Belém
Total:1.056.337
Homens – 492.190 (46,59%)
Mulheres – 564.147 (53,41 %)

Ananindeua
Total: 357.522
Homens – 165.892 (46,40 %)
Mulheres – 191.630 (53,60%)

Santarém
Total: 246.346
Homens – 118.864 (48,25%)
Mulheres – 127.482 (51,75 %)

Parauapebas
Total: 200.693
Homens – 101.250 (50,45 %)
Mulheres – 99.443 (49,55%)

(O Liberal)

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