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Coronavírus – A corrida por Hidroxicloroquina

Abner Lima – Farmacêutico

Foi divulgada a poucos dias a informação sobre estudos in vitro de que o medicamento Hidroxicloroquina apresenta bons resultados no controle dos sintomas provocados por Covid-19, por bloquear o mecanismo de entrada do novo coronavírus nas células do organismo humano. E isso gerou uma corrida às farmácias para a aquisição do medicamento, desabastecendo as drogarias e prejudicando pacientes que fazem uso continuo deste medicamento.

Estudos do tipo in vitro podem ser animadores, porém, estão apenas nas primeiras partes de diversos estudos realizados durante a pesquisa de um medicamento e por isso, estes estudos isolados não são conclusivos. O salto dado pelo governo dos EUA em algumas partes do processo de estudo da eficácia de Hidroxicloroquina em pacientes positivos para o novo coronavírus são perigosos, colocando em risco a saúde já fragilizada das pessoas acometidas pelo vírus, pois, tanto pode haver o efeito benéfico como pode haver o efeito maléfico do medicamento nos casos positivos para Covid-19.

Hidroxicloroquina é um medicamento utilizado para o tratamento de, pelo menos, dois tipos de Lupos, além da artrite reumatoide e malária. Todas estas doenças tratadas com o medicamento passaram por estudos robustos de segurança (garantindo o menor índice de efeitos adversos) e eficácia para garantir bons resultados no tratamento dos pacientes, seja em monoterapia ou terapia combinada.

Entre os efeitos adversos, isto é, os efeitos indesejados que podem ser causados pela hidroxicloroquina, estão a má formação de feto, alteração no DNA, contraste de retinopatia, baixa concentração de açúcar na corrente sanguínea, batimentos cardíacos desacelerados e agravamento nos quadros de doenças cardíacas.

Os grupos de risco para os quais a hidroxicloroquina está sendo comprada pela população brasileira sem necessidade momentânea, podem ser os mais prejudicados, pois sem acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, farmacêuticos) pode haver graves riscos à saúde destes. Sem contar que a automedicação não previne o surgimento dos sintomas do novo coronavírus, não oferece melhoras na imunidade e ainda provoca maior risco quando utilizado em doses elevadas ou fora de horário.

Podemos verificar que entre os efeitos adversos causados pela hidroxicloroquina estão a retinopatia e a hipoglicemia, ambos os quadros são característicos de evolução nos pacientes diabéticos e se agravam quando os pacientes estão na faixa etária acima dos 60 anos, além do que, outras comorbidades também podem ser contrastadas com o uso de hidroxicloroquina. Pacientes portadores de doenças cardíacas também podem ser seriamente prejudicados pela automedicação e também por não ter acompanhamento profissional para uso da hidroxicloroquina, podendo o quadro clinico evoluir a óbito.

Outro aspecto que preocupa, é o desabastecimento de hidroxicloroquina nas farmácias, pois isto prejudica diretamente os pacientes que fazem tratamento contínuo de lupos, malária, atrite reumatoide e outras doenças cujo medicamento também é utilizado como coadjuvante em terapia combinada. No tratamento de Lupos, a preocupação é maior, pois se trata de uma doença que causa muitas dores e danos psicológicos sérios, e que ainda não tem cura, mas que a hidroxicloroquina ajuda a amenizar os sintomas para que assim o portador dessa doença possa viver melhor.

O novo coronavírus deve ter sua epidemia controlada muito em breve com a colaboração de todos os brasileiros. Muitas pessoas atualmente já contraíram o vírus, mas se mantém assintomáticas, como ocorre em grande parte dos casos de infecções por vírus conhecidos anteriormente. Portanto não há motivo para pânico, nem sequer motivo para estocar alimentos e medicamentos, necessita-se neste momento que bloqueemos a propagação do vírus, fazendo a limpeza das mãos, evitando contato físico e aglomerações de pessoas.

Por Abner Lima – Farmacêutico – CRF-PA 7507 – Para o site Célia Santos

 

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